Merriweather Post Pavillion – Animal Collective
Merriweather Post Pavillion (MPP de agora em diante) é o mais recente trabalho da banda Norte-Americana de sede nómada e de distância transatlântica. O álbum soa claramente a Animal Collective (AC de agora em diante), talvez se juntássemos todos os discos da banda a tocar ao mesmo tempo o som que obtínhamos seria qualquer coisa parecida com este MPP – uma complexidade sonora, mas boa.
Os AC primam pela louca e brilhante complexidade sonora, acredito piamente que no processo de produção e pós-produção áudio dos álbuns destes rapazes deve haver muito boa gente com dor de cabeça.
Vocalmente este MPP é qualquer coisa de extraordinário. Melhor ainda é a forma como as diferentes camadas de voz soam tão bem, My Girls, Daily Routine ou Taste são exemplo disso. Estive quase para telefonar ao Doutor Carlos Fiolhais para me ajudar a resolver os complexos teoremas sonoros que são (aqui) corolário de genialidade.
Eu sinto que os trabalhos a solo de Noah Lennox aka Panda Bear estão a ter grandes reflexos no som dos AC. Com alguma ginástica acho que dava para encaixar faixas de Person Pitch ou de Young Prayer neste MPP e vice-versa. Confesso desde já que foi Panda Bear que me abriu horizontes para AC.
O disco é muito bem conseguido e a forma como cresce a cada audição é irrepreensível, cada vez soa melhor e se há dois dias tinha uma faixa favorita, hoje não consigo escolher só uma.
Parece que nos caminhos percorridos pelos AC já não se consegue fazer música sem a ajuda dos sintetizadores e das infinitas possibilidades da electrónica. O que faz deste MPP uma obra para mais tarde recordar é precisamente a capacidade que tem de mostrar a todos como é que se deve usar a electrónica e tudo o mais que esta permite. O medo da novidade que a tantos reprime tem sido para os AC a maior inspiração.
Existem discos que deveriam ser obrigatórios de ouvir e deveria sair em diário da República uma Lei do género: A pessoa que não ouvisse o Sgt Peppers, o Pet Sounds, o Rain Dogs, o Unknown Pleasures ou até o Ok Computer (só para citar alguns) tinha de assistir a um concerto dos Xutos no backstage; e assim, sucessivamente, de disco em disco, até chegar a 2009 e perceberem que Vasco da Gama ao chegar à Índia não foi só para ir buscar tapetes, foi para buscar pimenta.
E é de coisas que dão e apuram o gosto como a pimenta e o sal que este disco se trata.
Muitos já lhe vaticinaram o futuro – disco do ano. Eu não me arrisco a tanto, mas se eu fosse um gajo com umas canções boas e com a ideia de lançar um álbum este ano, ficava quietinho e lançava disco no dia 2 de Janeiro de 2010, para não correr riscos.
Diogo Santos
5 comentários:
Estou inocente!
Eu atingi dois climaxes esta semana e meia:
1º Quando ouvi o disco
2º Depois de ler o post
Também estou inocente
olá diogo
sinceramente, acho que nao fizeste review nenhuma do album... simplesmente disseste o que te ia na alma. e até apreciei. digo mais, até me tiraste as palavras da boca. mas nao foi nenhuma review.
boa continuação!*
sim, sim, mas não é de todo uma review. tem a tag de review, mas como subtítulo está "a minha opinião sobre"...=)
=)
eu gostei Diogo!!
continua
Isabel Lisboa
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